Esse é um assunto que revolucionou o mundo da Enxaqueca nos últimos anos. Parece até coisa de ficção científica, e é mesmo. Medicamentos especificamente desenhados em laboratório para se combater uma doença, tudo isso baseado no conhecimento que acumulamos ao longo do tempo sobre a doença. Simplesmente incrível. E é incrível mesmo!
A história inteira começou quando descobrimos que as pessoas com enxaqueca têm níveis mais elevados de uma molécula chamada de GCRP e que durante uma crise de enxaqueca temos uma quantidade enorme dessa substância circulando em nosso sangue.
O CGRP é um neurotransmissor relacionado com terminações nervosas sensoriais e com o sistema vascular (lembre-se que a enxaqueca é uma doença neurovascular também!). Ele causa dilatação de vasos sanguíneos, aumenta sensibilidades dos nervos e facilita a transmissão dos sinais de dor, além de amplificar o sinal de dor. E ele age se ligando a um receptor especialmente desenhado para ele.
O passo seguinte foi criar em laboratório anticorpos direcionados ou contra o receptor do CGRP ou contra a própria molécula, ou seja, ou eu bloqueio a fechadura ou ou jogo a chave fora. E tudo isso deu muito certo.
No Brasil chegamos a ter tanto medicamentos contra o receptor quanto medicamento contra a molécula do CGRP. No momento, contudo, temos apenas dois medicamentos disponíveis: Galcanezumab e Fremanezumab.
Ambos são anticorpos monoclonais contra a molécula molécula do CGRP. São efetivos no tratamento preventivo da Enxaqueca. Estão liberados para uso tanto no caso de Enxaqueca Episódica quando no caso de Enxaqueca Crônica. Você pode se perguntar se eles vão alterar sua imunidade. A resposta é não! Esses medicamentos não vão alterar sua imunidade.
O medicamento é comprado em farmácia comum. O uso de ambos é subcutâneo e mensal. O Fremanezumab, entretanto, tem a opção de uma aplicação em dose triplicada a cada três meses, com a mesma eficácia e tolerância.
Os principais efeitos colaterais descritos são efeitos no local da infusão (vermelhidão, endurecimento, dor) e constipação. Alergia, queda de cabelo e outros efeitos têm sido mais recentemente descritos. Como são medicamentos novos, ainda estamos o conhecendo melhor. Porém, sabemos que são medicamentos muito seguros para a grande maioria dos das pessoas em uso dos medicamentos.
É muito importante manter o seguimento com seu médico neurologista para a monitorização do tratamento, acompanhamento da redução da crises, manejo de eventuais perdas pontuais de controle das crises, além da observação de paraefeitos. São medicamentos novos e temos que estar sempre atentos aos efeitos ainda não descritos ou recentemente descritos.
Caso tenha se interessado sobre o assunto, me siga nas redes sociais, e mande mais perguntas! Até mais.